Uma visão hard core da mudança do futuro do trabalho.
Em meu primeiro texto do blog ao relatar minha visão da desconexão humana da vida diante do auge pandêmico, pontuei observações e sentimentos de minhas trocas nas mentorias que realizei naquele momento.
E em outros textos como cenário do desalento e os posts de ODS 2030 e até mesmo o da visão econômica quântica, compartilho – de forma direta – a realidade e os estudos em prol da visão de um futuro do trabalho, sempre pelo viés dos seus movimentos e de sua história.
Somos, aqui no ocidente, uma sociedade obcecada pelo trabalho, não é à toa que nossos pais orientam o que fazer, e não o que ser. E não duvido da boa intenção, afinal eles acreditam piamente em ganhar a vida. Sem nem perceber, crescemos acreditando que a vida é feita para ganhar ou perder.
E se fomos aprofundar para entender essa visão dos nossos pais precisaríamos pelo menos considerar alguns marcos da história, para perceber que a mudança é hardcore:
revolução industrial (1760 – 1840) com a mudança do formato de trabalho em uma geração que era basicamente predominante da zona rural.
educação e sua visão utilitarista, ou seja, uma educação que tinha sua base na filosofia entender os fundamentos da ética e da moral a partir das consequências das ações. Não valorizava a trabalhabilidade, nem o autoconhecimento e nem muito menos o prazer de aprender.
Adam Smith (liberalismo) com sua ideia de especialização, colocando pessoas em caixinhas e aumentando a produtividade das empresas. (E além de sua ideia do sistema econômico Capitalismo.)
Só nesses 3 pontos já conseguimos identificar onde o direito já não nos é dado, a oportunidade já se perdendo, agora ressignificar o trabalho torna-se uma nova questão de sobrevivência.
Esta era industrial influenciou, e ainda influência, muitas gerações, ainda é um enorme desafio para a realidade da nossa mente. Porém os nossos bolsos e as relações profissionais já vivem e sentem este rompimento. Veja os males que hoje já identificamos no desafio do mercado de trabalho:
não sabemos colaborar, apenas competir – veja hoje as ferramentas de gestão e marketing na qual temos em mãos sendo cada vez mais substituídas por mindsets de designers;
desaprendemos a trabalhar em equipe e abrimos mão de nossa inteligência emocional – veja hoje a centralização dos problemas em ambientes de trabalho associada a inabilidade;
fomos DOUTRINADOS a não questionar o que produzimos, e nem mesmo o nosso papel nesse ciclo de produção e consumo, pois na verdade o foco eram os resultados. Olhe para o que constroem em meio ao que falam dessa Industria 4.0, já querem que tenhamos emoções;
Os nossos pais não sabiam que nosso trabalho não era sobre propósito, é sobre uma das melhores formas de expressarmos ele.
E por isso fomos entrando em caixas que hoje já nos incomodam, ou estão pequenas para o que almejamos, ou mesmo grandes demais deixando-nos perdidos. Enfim, todo crescimento econômico diante desse conceito industrial nos levaram a perca gradativa do nosso direito ao trabalho.
Pensar trabalho enquanto oportunidade foi um meio de passar por esse momento de ganhos e percas no mundo do trabalho. Vejo que o movimento agora está em uma mudança voraz do sistema competitivo econômico para um possível sistema colaborativo e consciente, ou seja, somos aprendizes e nada está definido.
Nossa mente não ultrapassa o entendimento necessário para viver esse momento de aprendizagem da melhor forma, por isso é normal que surjam muitas novidades e possíveis soluções nesse cenário do mundo do trabalho. Uma das novidades mais famosas (e vendidas) são os softs skills (habilidades do comportamento humano) e a autoconsciência.
De fato, uma enorme mudança de mentalidade formará a nova sociedade.
E por todas essas questões identifico que a pauta não é mais discutir direito ou oportunidade, o caos profissional que atinge a cada dia mais pessoas não nos permite sobreviver na mesma velocidade em que vivenciamos, problemáticas da mutação populacional global .
A pauta é sobre ressignificar, dar um novo sentido a como vivemos e intencionamos o trabalho, talvez aquele em que nossos pais não nos deram. É preciso ressignificar os nossos valores diante do atual estilo de vida que levamos junto ao trabalho, o mesmo que enraiza crenças da era industrial.
Diante de minhas experiências acredito que conseguiremos desatar o nó da complexidade de todas as nossas vulnerabilidades enquanto moderno humano econômico. Qual sua opinião diante dessa visão do futuro do trabalho?
*hardcore: é uma palavra inglesa que não possui uma tradução literal na língua portuguesa, mas pode ser interpretada com o significado de algo feito ou alguém comprometido em fazer. Uma de suas expressões no Brasil são atribuindo pesado (foco extremo) e solidez.
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