Propósito sem dúvida é uma daquelas perigosas palavras que entraram na moda, e sua banalização se deu por tantos novos nomes para seu significado e tantas novas ideias para falar da mesma coisa. Ou seja, falar da falta de sentido na vida, da baixa produtividade, da ansiedade, do sentir-se presente, do poder da consciência, da magia do fluir, assim também como falar do tesão da vida. Pois é... me parece que propósito de fato está na moda.
Ouvi muitas contradições sobre esse termo e a melhor forma de entendê-lo é de fato vivificar o seu poder em si próprio. Para sentir esse poder não há idade, momento certo ou público-alvo, mas sem dúvida posso garantir que há uma concentração atual de quem o busca, e está em quem vive a trajetória profissional com o estilo corporativo. E essa hipótese da concentração me fez querer expor um relato pessoal sobre esse poder da jornada do propósito e ainda inspirado em mais de 30 relatos, que acompanho, de quem conseguiu mergulhar nessa jornada e em todas suas fases.
Assim como um diário e em tempos diferentes a história aconteceu...
“Estou hiper conectada, mas sem consciência disso ainda. Estou sem a percepção real do porquê estou fazendo as coisas, e sinto apenas que a vida está começando a me cobrar um preço bem alto. Estou cheia de preferências e vontades, julgamentos e críticas, ansiosa com tantos planos maravilhosos para meu futuro e para meus filhos.
Esta noite fui no barzinho com a amiga, entre uma cerveja e outra conversamos sobre o certo e errado da vida de fulana, falamos da insatisfação política, da pressão do meu chefe que eu precisa colocar para fora, e da impaciência com meu marido e as suas manias. Já tarde da noite, em casa, tudo em paz e eu não dormia.
Tic! Insight 1: Cheguei ao auge da ausência do sentir de minha vida.
(E sem falar que todo as novas conversas se estendem na culpa do mundo e do covid por eu não realizar meus objetivos e não conseguir fazer nada agora para ‘melhorar’. Talvez em 2021.)
É realmente muito dolorido perceber que me tornei excêntrica mesmo ainda sem ter a real consciência disso para fazer as mudanças que preciso. Estou voltada ainda um tanto para fora, para um mundo em que as realizações são distantes e difíceis e cada vez mais me coloco nas mãos da responsabilidade da economia, da política e do ‘marido’. E ainda me pego com aqueles mantras que não mudam nada, aqueles do tipo: vou conseguir, sou capaz, só preciso mais determinação, e que vão me levando a seguir no mesmo caminho.
Hoje tenho a clareza desse momento ‘auge’ como se eu tivesse me tornado voyeur vivendo de observar a vida, o corpo e as conquistas alheias, querendo o que não tinha e acreditando nas representações de uma vida real. E como tudo pode ficar pior ainda, esse momento também é o grande sinal: o corpo físico sofre e te chama para a ponta do fio do propósito. Eu me vi com uma caixa de remédio tarja preta na frente e nem era para dormir. Já estou comendo e bebendo sem filtro e com falsos sorrisos (álcool), afinal descobri por que esse mercado cresce exponencialmente e em uma variedade que já me confunde o que é de fato é fast food, açúcar e álcool.
Percebo que entre tantas realidades observadas e o insight, meus objetivos não se aproximam e começo a buscar melhores respostas sobre essa trajetória – Google, por favor o que estou fazendo com minha vida? É o começo dos questionamentos: quem sou e o que estou a fazer. Esse é o verdadeiro inferno, e a primeira cura.
A curiosidade de conhecer o próprio estado atual em cada área da vida é o início de toda essa jornada e das mudanças que ainda vão acontecer. Agora já começo encontrar Mentores, meditações, alguns gurus, novas práticas, novas inspirações e tudo isso na verdade tornou-se um aconchego para essa necessidade de sentir mais a vida. (reflexão: será que tudo isso apareceu de repente ou eu me permiti sentir, ouvir e questionar?)
Essa ponta do propósito ficou marcada na jornada quando me priorizei. Mudei o acesso a minha consciência, e logo começo a escolher o que como, o que faço. Começo de fato a olhar mais para dentro do que para fora, e já estou mais responsável pela minha própria vida. A economia, a política e o marido já ganham outro significado, ou até mesmo já nem existem mais no repertório entre tantas mudanças. Lembro de algo que me marcou fortemente, foi quando não me reconheci mais nas pessoas próximas como amigos, os filhos e os pais.
Tic! insight 2: Tem algo diferente em mim? As inquietações profissionais que não eram mais o salário começam a me trazer muitas dúvidas que afetam minha vida pessoal também, ou o inverso. Identifico novas ideias, oportunidades surgem do nada e uma vontade de mudar enorme aparece. Temas novos e ações cotidianas ganham mais minha atenção. Me tornei mais introspectiva nesse momento, e a evitar pessoas.
Sem dúvida já estou me vendo diferente de um tanto de gente, já tenho questionamentos sem julgamentos e atitudes mais tranquilas, sem os impulsos de emoções extras. O que martela todo o tempo em minha mente ainda é o sentido de meu trabalho e minha relação com ele. Me percebi como se os talentos e as competências aflorassem de tal forma que eu precisava ressignificar meu trabalho, ou no mínimo parar para pensar com mais amor sobre ele. O que era meu fazer, minha entrega. E não era sobre ganhar dinheiro, porque esse é justo a abundância de se trabalhar com propósito, mas sobre o como manifestava os meus talentos. Uma sensação de: Eu posso mais. Pode ser diferente. Posso dar meu melhor. Meu lugar aqui junto com meu propósito. Entende?
Tic! Insight 3: o desafio profissional. Pense em uma área sensível na vida, E eu que achava que era a amorosa ou familiar, mas não. E a cada dia só confirmo que sim é a mais sensível, aquela que tem gente com pitbull na mente para não deixar ninguém mexer (risos).
E agora? Me percebo, o sentir é diferente, tenho novos questionamentos e sonhos e ainda sinto a sensação poderosa do autoconhecimento, então como seguir com esse desafio profissional?
Acabei dando um giro do tipo capoeirista, para fora da zona de conforto, quando agarrei uma oportunidade que surgiu como se fosse coincidência da vida. E depois dos prazeres dessa tomada de decisão veio a auto responsabilidade bater na porta, e sabe aquela sensação da hiper conexão? Voltou. Chegou forte e com uns medos 'cabulosos' , e atraindo fortemente aquelas pessoas em que já não me reconhecia mais, lembra?
Hoje identifico que realmente as pessoas vem para te ensinar, e que esse reconheço como a zona do medo, e vi que havia um alerta nas entrelinhas: ‘Cuidado que receberá muitas opiniões, vão julgar e sem querer transformar a auto responsabilidade em culpa. Um nível de confusão com todas as mudanças aparentemente rápidas, e que as pessoas provavelmente não terão a empatia desejada. O desafio parece mais complexos e a satisfação da vida ainda incerta, mas há uma prática mágica e transformadora, lembra?_ o autoconhecimento.’ Voltei a praticar.
Aprendi que quando sai da zona do medo o propósito desperta, e chega como uma cachoeira - verdadeiro sentido da vida. Eu vi a magia acontecendo, eu me olhei e me priorizei, entendi quem sou, comecei a me reconhecer por dentro e não no outro, eu aceitei minha essência por meio de minhas escolhas. E a maior magia de tudo isso é que enquanto vivifico essa busca e esse sentir de forma inconsciente transformo todo meu entorno.
As minhas relações e as minhas escolhas mudam pelo sentido que expresso a vida em mim, e é agora com essa consciência que encontro o propósito – frente a frente.
O propósito não é sobre o Eu, ele é sobre o Nós.
A inquietação de dentro para fora manifestou uma mudança no como vejo e em como percebo a vida por meio do coração.
A vida continua e os ciclos também, por isso esse relato não tem um fim mas um aprendizado.”
Essa hiper conexão da mesma forma que nos empurra para longe do propósito também pode ser o maior sinal para você mergulhar para dentro de si. Estar mais presente, imersa no fazer e no novo significado da jornada da vida fará o sutil torna-se produto em seu modo de servir, e potencializará as energias de suas atitudes, ou seja, haverá plenitude profissional. O caminho torna-se de liberdade.
E se eu fosse traduzir essa moda do propósito para o mundo dos negócios eu diria que essa moda pode te levar a:
· a ‘alta performance’;
· ao verdadeiro sucesso (ou talvez dizer o verdadeiro trabalho/negócio consciente),
· ao mapa da felicidade;
· a engajar grandes parceiros;
· e por consequência obter mais garra.
E tudo isso é o que toda empresa deseja ter na equipe, porém nem todas sabem lidar com a certeza de grandes mudanças do que pode surgir desta jornada, nem mesmo você. Entendeu por que todos querem entrar nessa moda? Comece agora.
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